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segunda-feira, 4 de junho de 2012

viver sem viver Viver: Esboço para um Terceiro Manifesto Curau

 
NOSSA irREALIDADE SÓ SE TORNARÁ REAL QUANDO
O NOSSO IMAGINÁRIO A RECRIAR, A NOSSO FAVOR


Vicente Franz Cecim





Kafka: Eu era uma ponte






















Comunidade Perdida, Comunidade Recuperada. Poderia, também, ser o título: evoca os paraísos de Milton: o Paraíso Perdido e o Paraíso Recuperado, para dizer: – Ando lendo, interpenetrando, Bauman <> Agamben, ambos tentando atravessar a Dispersão atual da espécie humana em demanda de um Centro de compreensão do que se passa agora no mundo, que, achado, permitiria um Ponto de Ações convergentes – aliás, Ponto já achado, no Sempre, onipresentemente no Ocidente por Eckhart e oniausentemente no Oriente pelo Tao. Bauman lendo no Visível, logo no Tempo Histórico, as gotas dispersas da Comunidade líquida atual, e se perguntando com contida angústia insegura algo que em palavras aqui minhas, significa: - Acharemos um Ímã? Ele lê no Ente, é claro. Agamben, com mais que confiança: Fé, lendo no, ainda, segundo ele, Invisível, e antes entrevisto por Benjamin, Tempo Messiânico, os fundamentos submersos de uma Ilha ontológica que resiste à dispersão, e recomendando, como estratégia de sobrevivência individual e auxílio valioso que cada um pode dar à recuperação da Comunidade humana extraviada, o que em palavras minhas há muitos anos já venho chamando nos livros de Andara: - viver sem viver Viver. Ele lê no Ser, é claro. Eu vejo a confusão humana na Terra como coisa Grave - Sim, porque sua força de gravidade atrai para o mais baixo com poder de autoextermínio capaz de varrer nós todos da superfície da Esfera Azul, sem que as levezas perdidas nos sustentem entre o Denso e o Sutil e que um só Justo, já nascido e fenecido ou por ainda por florescer, volte a tempo ou chegue, e Ascenda em suas Asas que nós, em nós, atrofiamos mutilando a Promessa de Leveza contida em nossas omoplatas que as aves realizaram. Mas também vejo que algo quer brotar, e espantosamente, atravessando a resistência e Espessura da Tecnologia, na nossa Onipresença Virtual – e nos Olhos do Hubble que vê sem olhar, as Presenças ocultas no Cosmos, percebendo e decifrando energias em cores. E entendo que para isso, nos dois casos, da presença virtual e da visão sem olhos, foram nos preparando ao longo dos séculos os Contos de Fadas, nos ensinando a Vida como coisa mais subterraneamente Real quando vivida como - Faz de Conta. Ora, é esse faz de conta quando praticado no Tempo Histórico, rigoroso Tempo do Ente e suas carências: Tempo do Corpo, que Bauman denuncia como mortal para nós. E é a esse faz de conta maligno que Agamben contrapõe o Façamos de Conta, Agora, para favorecer, com nossas praticas de vida, o heraclitiano advir Tempo Messiânico. Estamos, pois, entre o: - Tudo está consumado. E o: - Tudo está por se consumar. Para que Tudo não se consuma. O momento, então, é Grave, eu sei. Como sei o poder de realidade possível – chamem Utopia, como passos em um Caminho, indo para – do Faz de Conta que moveu Guevara, pelo sangue, na via utópica da Guerrilha, e Gandhi, pela mente, no via mística indiana do Ato de Vontade, que a ignorância ocidental só lhe permite entender como não violência, resistência pacífica. Mas sei que a palavra final será dada não por nós. Que quem a dará, em Silêncio universal, é: o Ponto. Querem saber como eu cheguei, faz tempo, lançado entre o Visível e Invisível ao nascer e após ter renascido em Andara, ao: – viver sem viver Viver? Assim. Tendo entendido – bobagem, devo dizer: Tendo Visto – que o Real nos aparece como realidades, vi a dispersão. E tendo visto que as realidades não são o Real em Si, vi o Ímã = o Ponto. O Centro. O Eixo. Deus? São nomes, dados pelos homens, para o Inominável, chamem como cada cultura quiser. Mas sintam em vocês o Chamado imanente. Oh, também transcendente. Toda Criança sabe resistir à deformação adulta dos Pais empregando o Faz de Conta, que lhe permite resistir na Infância a essas deformações tantas vezes bem intencionadas mas deformadas pelo Medo da espécie a não sobrevivência individual que o é sentido secreto do Filho. Somos filhos de uma Civilização que tende, claramente no Ocidente, para o túmulo que vem cavando para si mesma. Como resistirmos a ela? Às Crianças que ainda somos, se as despertarmos do nosso Sono de civilizados adult/erados, é isso o que Agamben nos recomenda, ostensivamente, em um dos seus livros mais recentes, sobre a Amizade e a Comunidade. E eu digo assim: - Façamos de Conta que estamos realmente vivendo todas as irrealidades, bebendo todos os Venenos, sonhando todas as ilusões, crendo em todas as falsas promessas que nos cercam, encarceram e sobretudo desviam da Via: da Vida Autêntica que nos caberia buscar, e buscando, achar quem sabe e Realizar plenamente, o que só saberemos se nos pusermos a caminho, em nós - em cada um e por todos nós. Segundo ele, é essencial, indispensável e cada minuto perdido pode ser a véspera do último, nos Fingirmos de Tolos, ou de Mortos - fingirmos que estamos ouvindo e vamos obedecer o que os Pais Perversos nos mandam fazer, ó crianças mal tratadas que vivem nesta Casa/mundo agora vagando por corredores escuros, tropeçando em mentiras, se erguendo para cair em novas mentiras. E é essencial nos fingirmos de inexistentes, de já mortos para o que nos deforma, por que? Para que? Porque quanto menos reais para as irrealidades contemporâneas formos, mais reais seremos para nos libertarmos em direção a uma Real Comunidade Humana. E para que o Tempo Messiânico - tempo em que, já sem leis que o determinem por fora, venha a existir uma só Lei interior, que em cada um será igual em todos - possa Vir a Nós. Isso é quase um exigência de merecimento, ou Graça. E para atender essa exigência, teremos que nos mover para a Graça e o Sagrado - com graça, graciosamente, lúdicos - não como entes em Fuga, mas como seres em Festa. É a mesma Palavra que nos autoriza agir assim e quer: Graça, graça. Da minha parte, passo a vocês todo o significado, a necessidade e a urgência do que vi, e entendi, se quiserem, como: - viver sem viver Viver. Achando que, porque nele se realiza o Ponto, já contém a resposta buscada pela Angústia histórica imanente de Bauman e a Fé utópica transcendente de Agamben. Eis: confirmado na Táboa de Esmeranda, de Hermes Trimegisto, três vezes mestre. Hermes nos confia o que Viu, e entendeu: - Que o Infinito é Real e que o Finito é irReal. – Mas que, vivendo no efêmero transeunte das realidades finitas, nós devemos viver o Finito como uma Realidade. Quando eu li isso, me disse: - - Uma ação mágica: viver o IrReal como se Fosse uma Realidade. Entendam: o que Hermes Trimegisto e o Saber Hermético há não sei quantos mil anos nos recomendam é: - Façam de Contas, aqui. Vivam: Lá. Essa é a Vida Real que cabe ao homem no Universo. Foi assim, na vida prática, que Guevara fingiu que era um guerrilheiro, não um médico, e destruiu a Ditadura de Batista em Cuba. Com muitos ais. E foi assim que Gandhi, sentado, imóvel, Não estou fazendo nada, meus Lordes, fingiu que não estava Agindo e expulsou o Colonialismo do Império Britânico da Índia. Sem um ai. Mas, Vicente: - Faz de contas? E a Fome que devora o faminto, a Somália. E a Morte, que lateja em seu sono mortal nas dez mil Bombas Atômicas que continuam armadas de um lado e do outro da agora dissimulada Cortina de Ferro? Eu sei. Por isso tudo neste momento da Comunidade humana é Grave, muito grave. A isso eu respondo assim: - A Terra, já se sabe, não é o centro físico do Universo. Embora eu esteja perdidamente apaixonado por Ela desde que tive esta Visão faz uns dias: - Me vi, com uma grande Sede, pairando entre as galáxias, estrelas, matéria escura, buracos negros, cometas, meteoros, luas mortas: tudo ardendo em chamas demais, ou pedras frias, secas – e morrendo aos poucos de sede, como se diz, eu não achava Água em nenhum lugar do Universo. Foi quando percebi um pontinho azul, longe, mínimo – e um frescor arrebatou e me lancei na sua direção - e a Terra me deu de beber e me salvou e me guardou em Si – e encantado, me dei conta de que Ela é o Único lugar do Cosmos que tem Água: Nascente da Vida. Agora, mesmo perdidamente apaixonado, para sempre,  ainda me disponho a aceitar que a Terra não seja o centro físico do Universo. No entanto, quem sabe o humano seja, em potência, seu Centro Mental no tempoespaço? Pelo menos um homem que existindo talvez na liberdade do Faz de Conta das Lendas, e por isso pode ser para nós, que mal damos conta do que somos, Três Homens em Um, Hermes Trimegisto, soube o seu Lugar. E, luminoso, quando perguntaram magoadamente a ele se não era uma maldade infinita que não haja realidade no Finito, respondeu: - Não. Se o Finito fosse real, isso é que seria Maldade, porque estaria condenado ao Efêmero – fixo, preso, imóvel – não poderia vir a ser Real. Entendo essas palavras como o anúncio da nossa – Liberdade para nos Realizarmos.



A asa e a serpente, 1979, primeiro livro visível de Viagem a Andara




















viver sem viver Viver

Se faça de Ente para vir a Ser






PósEscrito




Vejam claramente isto: não estou dizendo que devemos nos reduzir, ainda mais, à Passividade como submissão – estou dizendo que, já cercados por todos os lados por uma Civilização Brutalmente Indiferente tanto a Dor quanto a Alegria – usemos contra ela a mesma possibilidade de Mutações na existência humana manifesta que está sendo usada contra nós. Mas ao contrário: a nosso favor. Então, fique claro: viver sem viver Viver não é se omitir, consentido. Ao contrário. É uma Ação Inativa – uma Recusa, um – Eu me recuso a continuar vivendo no mundo que vocês me impõem, senhores do bem e do mal. Do ponto de vista de Pirro de Eléia e dos Céticos, filósofos da recusa das Farsas, Aparência e Ilusões – é praticar a Indiferença como libertação. E a trans-figuração da Amazônia – corrompida pelo Colonialismo das Caravelas e agora corroída pelo Imperialismo do Capital – em Andara, a convertendo em uma região verbal metáfora da vida, é a minha prática desse Dom de Mutações libertárias através da Literatura. O: viver sem viver Viver, como reinvenção da existência, se manifesta em Andara desde seu primeiro livro visível, A asa e a serpente, então, desde 1979, tempo em que as vozes de Bauman, Agamben ainda não eram ouvidas por aqui. E ouvir suas vozes recentemente, só me confirmou: viver sem viver, Viver. E foi o fundamento oculto que permitiria a Ação proposta por mim, em 1983, no Manifesto Curau/Flagrados em delito contra a noite, com esta formulação, aplicado a Amazônia : Nossa História só terá realidade quando o nosso Imaginário a refizer a nosso favor. Formulação que após o Segundo Manifesto Curau, ou não: No Coração da Luz, de 2003, agora se amplia para o mundo, assim:

Nossa irRealidade só se tornará Real quando o nosso Imaginário a recriar, a nosso favor.

pós PósEscrito

Max Ernst: Ocell-le-Foc




















Comentário do autor: Sobre dentes e sonhos
viver sem viver, Viver: Ninguém está entendendo, nada, que pena. Vou falar então como falo com meu neto Rafael de 3 anos: - O Imperialismo Luterano Ocidental - leiam Max Weber, sobre a origem luterana do Capitalismo - transformou este lado da Terra em uma prisão de onde foi expulsa a Vida Autêntica. Dentro da prisão, já não se Vive. Por isso, proponho: - Para escapar à Alienação desse viver sem viver que nos é imposto é preciso passar a viver sem viver Conscientemente disso - se recusando a esse Cárcere onde estamos adormecidos - e isso é uma Estratégia de reDespertar, de guerrilha psicourbana, entendam, a ser praticada no nosso dia a dia, em cada pensamento nosso, palavra, gesto, opção. Até que o Carcereiro, olhando de fora das grades, veja só uma cela vazia, e não havendo mais ninguém para vigiar, pois nos tornamos novamente homens, em nós mesmos, Livres e perdeu o sentido a sua existência - se retire - para o Inferno - deixando a porta agora inútil da sua jaula agora inútil aberta. Porta que então atravessaremos, reconvertendo o nosso viver sem viver voluntário, estatégico, em um retorno à Vida Autêntica, do lado de fora. Esse é o: viver sem viver - para reViver. Confesso que seria mais veloz, e Digno, se os livros de História pudessem contar aos filhos dos filhos dos nossos filhos que tivemos a Coragem de arrancar a dentadas as grades. Mas onde um dia esperei dentes, que pena, só vejo agora sorrisos submissos. Amarelos. Humilhados. Mas contentes. Ler Morte a Crédito, de Céline, pode favorecer o nascimento de dentes. Mas eles só crescerão naqueles que verdadeiramente entenderem, e praticarem, o elogio do Poder do Imaginário contido nesta frase de Breton: - Do fundo de um cárcere, basta um homem fechar os olhos para destruir o mundo.

aVe, Vicente Franz Cecim


3 comentários:

  1. o aquário pode ter mais peixes? lindo!

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  3. Lúcia,

    sim,o aquário pode ter mais peixes, mas mais paixes levaria a mais ambição dos pescadores. Eu alimento eles - dou um clic com o mouse em qualquer ponto do aquário e surge o alimento na água, ali - velozmente eles correm para lá, sempre famintos, e devoram tudo. Se puderes também fazer isso com teu mouse, me ajuda. Mesmo peixes digitais precisam de compaixão digital ante a fome digital, não é?

    Carinhos,
    aVe

    Vicente Franz Cecim

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