Este é o começo de uma fábula que
avançará
por
entre grandes fendas e períodos de silêncio como só
se
ouve na ausência humana, a floresta às vezes contorcida,
contorcida
o silêncio às vezes rompido não por
essas
vozes tão baixas essas vozes, murmuradas: e sim
por
gritos que vêm de longe na noite, ou é bem perto
É mesmo em nós
As mãos de Iziel muito branca se movem
As mãos escuras de Azel estão quietas
Foi
na véspera.
Olhavam
a floresta em volta deles e não viam nada:
as
coisas, todas elas na noite intimamente. Haviam olhado
o
céu, e Iziel então disse:
-
Grave bem aquelas estrelas, Azael, apontava, porque
amanhã
nós vamos segui-las, mesmo sob a luz do sol
A
constelação. Ela estava ali, por cima deles. E onde
mais:
dentro deles? E podia? Todo aquele fogo dentro
daqueles
homenzinhos? Talvez em Iziel houvesse
Que
já dizia, esse Iziel, e Azael olhava o céu, Vê
como
as estrelas formam um caminho que parece ir lá
em
cima como umas pedras na água, nessa água à noite
para
os nossos olhos, mas, seguindo-as, vê como voltam
ao
mesmo lugar, este, de onde não partimos, de onde
não
partiremos nunca? Mesmo que amanhã acordando
bem
cedo e saindo daqui
Azael
apenas grunhiu, mais animal que Iziel ouviu isso
De
manhãzinha, indo
Mas já a voz de Azel então vindo, diz:
- Foi porque ele me olhou com aqueles
olhos que
fiz
aquilo, tirar os olhos dele
- Foi porque me olhou com toda aquela
inocência
que
fiz aquilo, mal partimos, na manhã, tirar os olhos
que
ele tinha
Então terá sido isso o que aconteceu?
Iziel cego por
Azael
mal haviam saído da manhã, mal havíamos começado
a
contar a história de Iziel e sua busca do sabor
que
se diz a luz do sol põe em tudo nesta terra
E se não houvesse sido assim? Se, vindo a
luz,
nEla
fossem? A tentada alegria
Então digamos que aí vão Iziel e Azael,
um na frente e o outro atrás,
como
palavras uma após as outras, como quando se
conta
uma história, as palavras ainda tentando nos dizer
alguma
coisa, indo
Seguirão também, elas, uma constelação
invisível
debaixo
do sol, como seguissem Iziel e Azael
E andaram, e andaram, e andaram
E viram uma árvore inteiramente seca,
seus galhos,
coisa
morta. Da madeira na perna de Iziel veio um
gemidozinho.
A memória. Seguiram
E tendo andado mais, vejam como é Andara,
foi
inteiramente
diferente o que viram: uma outra árvore,
esta,
viva, e tão belo aquilo
De cegar um homem, mas Iziel ainda tinha
os seus
olhos
até aí aparecendo assim, aquilo era então enfim a estonteante?
A
que nos nutre em um sonho, o sabor, a vida, toda ela ali se
revelando
para eles? O que Iziel buscava? A árvore Àrvores?
Uma
outra loucura, diferente da humana
Suas cores
- O encanto, o encanto, estaria murmurando
a madeira em Iziel
E de repente, viram: uns frutos que se
mexiam nessa
árvore,
umas folhas aladas. E eram aves, muitas, os frutos,
essas
folhas pousadas naquela árvore. E logo elas
voaram
para longe, as aves, fugindo desses homens que
chegavam,
que vinham, Iziel e Azael.
E agora isto que está acontecendo, o que
é? Pois
tendo
voado as aves para longe, deixando a árvore, o
que
aparecia diante deles naquele lugar era novamente
a
árvore morta, a que haviam visto antes e ficara para trás
E depois, às vezes voltando passado o
espanto de
verem
Iziel e Azael, de novo pousando na árvore, e a
árvore
já era outra vez para os olhos dele a árvore
Árvore.
Toda aquela árvore breve alucinante retornando.
Bela
como uma outra loucura diferente da humana.
Iziel e Azael então entendiam: aquela
era sim ainda
a
primeira árvore, a que haviam visto antes, a morta.
Havia uma só árvore, a mesma. Uma só
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