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sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Vicente Franz Cecim Vida Cósmica (I)





















LEGENDA Van Gogh: “Estrada com Cipreste e Estrela”



Não somos seres humanos tendo uma experiência espiritual.
Somos seres espirituais tendo uma experiência humana.
TEILHAND DE CHARDIN


            Nem somente trágicos nem somente cômicos, a definição capaz de abranger nossa complexidade humana é a de somos entes tragicômicos.
            Criamos datas, como marcos, para nos dar breves momentos de Alegria.
            Cada um festeja o dia do seu aniversário, embora seja uma alegria que venha inevitavelmente junto com a vertigem de nos recordar que esse foi o dia, não importa há quantos anos atrás – em que passamos a existir. E que isso, não sabemos quantos anos mais adiante, vai acabar. Ou, todos juntos, celebramos natais, anos novos. Breves alegrias, de vinte e quatro horas. Por que nos contentamos com tão pouco? E não apenas nos contentamos – nos impomos que sejam assim pequenas frestas para a alegria. No primeiro dia do novo ano, já começamos a envelhecê-lo – repetindo as rotinas do ano anterior. Alguém saberia dizer por que, neste país tropical, o carnaval dura apenas três dias – e termina em cinzas? Não sabemos bem o que queremos. Por aqui, neste ocidente católico, também nos impomos datas para sofrermos. Por que não celebramos o nascimento do Menino em vez de chorarmos sua crucificação?      
           
            Bons tempos estes – de fins de ano – para refletirmos sobre o que tudo isso significa e, quem sabe, iluminar os caminhos para que o próximo ano nos traga realmente alguma coisa de novo. Pelo menos individualmente – uma centelhazinha para cada um, que, devidamente compartilhadas, nas palavras e atitudes cotidianas, acenda uma chama maior.
            Para isso, aparentemente bastaria fazermos a inversão que Chardin propõe na frase acima. É um Portal. Mas como chegar e penetrar através dele?
            Nesta e na próxima Sim - uma, de Natal, outra de Ano Novo – vamos ao menos esboçar uma intenção de movimento em direção a ele, com a ajuda de Stanislav Grof, um devotado psicólogo transpessoal, que dedica sua vida a explorar as fronteiras da consciência humana. Grof desenvolveu uma prática chamada Respiração Holotrópica e através dela descobriu dimensões ocultas da mente humana, das quais extraiu algumas lições.
            É com ele que passamos a dialogar aqui.  
           

Diálogos com Stanislav Grof: Indo além do eu físico
       
            Nos estados holotrópicos, podemos transcender as fronteiras do ego corporificado com o qual nós usualmente nos identificamos e ter experiências convincentes de nos tornar outras pessoas, animais, plantas e mesmo partes inorgânicas da natureza ou vários seres mitológicos. Descobriremos que a separação e descontinuidade que nós usualmente percebemos dentro da criação é arbitrária e ilusória. E quando todas as fronteiras são dissolvidas e por nós transcendidas, poderemos experienciar a identificação com a própria fonte criativa, seja na forma da Consciência Absoluta seja como o Vazio Cósmico. Nós então descobriremos que nossa identidade real não é o eu individual, mas o Eu Universal.
            Se for verdade que nossa natureza mais profunda é divina e que nós somos idênticos ao princípio criativo do universo, como explicamos a intensidade da crença que somos um corpo físico existindo num mundo material? Qual seria a natureza dessa ignorância fundamental referente à nossa verdadeira identidade, esse véu misterioso do esquecimento que Alan Watts chamou de “tabu de saber quem somos”?
            Como é possível que uma entidade infinita espiritual eterna cria a partir de si mesma e dentro de si mesma um fac-símile virtual de uma realidade tangível povoada por seres sencientes que experienciam a si mesmos como separados de sua fonte e uns dos outros? Como podem os atores do drama cósmico ser iludidos acreditando na existência objetiva de sua realidade ilusória?
            A melhor explicação que eu já ouvi de pessoas com as quais eu trabalhei é que o princípio criativo cósmico instala armadilhas para si mesmo para se aperfeiçoar. A intenção criativa atrás da brincadeira cósmica é materializar realidades experimentais que ofereceriam as melhores oportunidades para aventuras da consciência. Para atingir sua finalidade elas têm que ser convincentes e críveis em todos os detalhes. Poderemos usar aqui como exemplos trabalhos de arte tais como peças teatrais ou filmes cinematográficos. Elas uma vez ou outra podem ser interpretados com tal perfeição que podem nos fazer esquecer que aquilo que estamos vendo são eventos fictícios, sem nenhuma realidade, e então reagir como se fossem reais. Além disso, um bom ator ou atriz podem algumas vezes perder sua verdadeira identidade e fundir temporariamente com os personagens que estão personificando.





SIM VI VICENTE CECIM série diálogos:com








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