Van
Gogh: “Noite Estrelada”
O céu nos mente em nossa infância!
Sombras
da prisão começam a se fechar
sobre
o jovenzinho que cresce.
WILLIAM
WORDSWORTH
Na Sim
passada iniciamos este diálogo:com Stanislav Grof e suas descobertas através da
prática do que chama Respiração
Holotrópica. Consideramos que os espíritos estariam mais abertos nestes
climas de mudança de ano para refletirmos sobre o que somos e como vivemos e,
quem sabe, iluminar os caminhos para que o próximo ano nos traga realmente
alguma coisa de novo. Não podemos resumir o que já foi dito. Mas o próprio Grof
faz isso para nós, quando, em seu livro O
Jogo Cósmico/The Cosmic Game, diz: - As
observações dos estudos dos estados holotrópicos confirmam o princípio básico
da filosofia perene de que a qualidade de nossa vida depende em última análise
do que pode ser chamado de “inteligência espiritual”. É a capacidade de
conduzir nossa vida de tal maneira que ela reflita um profundo entendimento
filosófico e metafísico da realidade e de nós mesmos. Isso, é claro, desperta
questões a respeito da natureza da transformação psico/espiritual que é
necessária para se adquirir essa forma de inteligência, da direção das mudanças
que temos que sofrer e dos meios que podem facilitar tal desenvolvimento. Grof aponta para um céu não sombrio, mas
aliado do jovenzinho de Wordsworth,
para que cresça se acrescentando Luz. O que, Sim, está ao alcance dele, desde
que passe a viver, interiormente, sua Vida
Cósmica.
Encerremos este nosso diálogo, aqui,
com Grof. Mas que tal você prosseguir com o livro dele?
Diálogos com Stanislav Grof: Rumo
à natureza divina do mundo
O
mundo no qual vivemos tem muitas características que a Consciência Absoluta em
sua forma pura não possui, tais como a pluralidade, polaridade, materialidade,
mutabilidade e impermanência. O projeto de criação de um fac-símile que é a
realidade material dotada de tais propriedades é executado com uma tal
perfeição artística e científica que as unidades projetadas de consciência da
Mente Universal acham-no inteiramente convincente e consideram-no como real.
Na expressão extrema de sua arte,
representada por um ateu, o Divino é realmente bem sucedido ao sugerir
argumentos não apenas contrários à sua participação na criação, mas também
contra sua própria existência.
Uma das
estratégias importantes que ajudam a criar a ilusão da realidade material
ilusória é a existência da feiura e da banalidade. Se todos fôssemos seres
etéreos radiantes, retirando nossa energia vital diretamente do sol e vivendo
num mundo onde todas as paisagens parecessem com o Himalaia, Grand Canyon e com
as ilhas despoluídas do Pacífico, ficaria muito óbvio que somos parte de uma
realidade divina. Similarmente, se todos os edifícios do nosso mundo parecessem
com a Alhambra, com o Taj Mahal, Xanadu ou com a catedral de Chartres, e nós
fossemos rodeados por esculturas de Michelangelo e ouvíssemos só músicas de
Beethoven e Bach, a natureza divina do nosso mundo seria facilmente
discernível.
(...)
Em todos os níveis da criação, com
exceção do Absoluto, a participação no jogo cósmico exige que as unidades de
consciência esqueçam sua verdadeira identidade, que assumam uma individualidade
separada e que percebam e tratem os outros protagonistas como fundamentalmente
diferentes de si mesmas. O processo criativo gera muitos domínios com
características diferentes e cada um deles oferece oportunidades únicas de
refinadas experiências da consciência. A experiência do mundo da matéria bruta
e a identificação com um organismo biológico vivendo nesse mundo é apenas uma
forma extrema desse processo universal. A maestria com a qual o princípio
criativo está apto a retratar os diferentes reinos da existência parece fazer a
experiência dos papeis envolvidos tão convincentes e críveis que é extremamente
difícil detectar sua natureza ilusória. Além disso, as possibilidades de ser
superada a ilusão da separação, experienciando a reunificação com a fonte são
associadas a extremas dificuldades e ambiguidades complexas. Em essência, nós
não temos uma identidade fixa e podemos experimentar a nós mesmos como qualquer
coisa no continuo desde o eu corporificado até a Consciência Absoluta. A
extensão e o grau de livre escolha que temos como protagonistas nos diferentes
níveis do jogo cósmico, decresce à medida que a consciência desce do Absoluto
até o plano da existência material e cresce no curso da viagem do retorno
espiritual. Desde que por nossa própria natureza somos seres espirituais ilimitados,
entramos no jogo cósmico na base da livre escolha e ficamos presos pela
perfeição com a qual ele é executado.
SIM
VII VICENTE CECIM série diálogos:com
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